O Banco do Brasil iniciou o ano de 2025 enfrentando um cenário desafiador, marcado pela queda de 20,7% no lucro líquido ajustado no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior. Este resultado reflete uma série de fatores que impactaram diretamente o desempenho financeiro da instituição, entre eles a adoção de novas regras contábeis e o aumento da inadimplência no setor do agronegócio. Apesar desse recuo, o Banco do Brasil mantém sua relevância como o maior banco público do país e segue desempenhando um papel fundamental na economia brasileira.
As novas regras contábeis implementadas pelo Conselho Monetário Nacional mudaram o modelo de provisão para perdas esperadas, afetando a forma como o Banco do Brasil reconhece receitas e despesas. Com isso, houve uma redução de cerca de um bilhão de reais em receitas de crédito, o que contribuiu para o resultado financeiro menos favorável neste primeiro trimestre. Essa alteração no regime contábil busca maior transparência e segurança na contabilização dos ativos, mas também gera um impacto imediato nos lucros divulgados pelas instituições financeiras.
Outro fator importante que influenciou o desempenho do Banco do Brasil foi o aumento do índice de inadimplência, especialmente no agronegócio, segmento no qual o banco é líder em concessão de crédito. A inadimplência subiu para 3,86%, com destaque para os atrasos nas operações relacionadas ao setor agropecuário, que foram afetadas por quebras de safra nos últimos anos e pela alta da taxa básica de juros. Esse cenário reforça a necessidade de cautela na concessão de crédito e de políticas eficazes para mitigar riscos financeiros, especialmente em setores vulneráveis a condições climáticas e econômicas adversas.
Apesar da queda no lucro, o Banco do Brasil ampliou sua carteira de crédito no primeiro trimestre, chegando a um saldo de mais de 1,2 trilhão de reais. O crescimento de 1,1% no trimestre e de 14,4% em doze meses demonstra a continuidade do banco em expandir sua atuação no mercado financeiro, atendendo tanto pessoas físicas quanto jurídicas. Destacam-se os avanços no crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada, um segmento que vem apresentando crescimento e ajudando a diversificar a base de clientes da instituição.
No segmento de pessoa jurídica, o Banco do Brasil obteve uma alta expressiva na carteira de crédito, com aumento de 1,6% no trimestre e mais de 22% em doze meses. O banco mantém forte presença tanto em grandes empresas quanto em micro, pequenas e médias companhias, além do setor público. Essa diversidade é fundamental para equilibrar os riscos e aproveitar oportunidades em diferentes áreas da economia, especialmente em um momento de volatilidade econômica global e doméstica.
O agronegócio, embora tenha enfrentado aumento da inadimplência, continua sendo um setor estratégico para o Banco do Brasil, que ampliou em 9% o crédito destinado a essa área no último ano. O plano safra 2024/2025 reforçou o compromisso do banco com o financiamento rural, com mais de 170 bilhões de reais destinados a custeio e investimentos. Esse suporte é crucial para garantir a produção agrícola nacional, que é um dos pilares do comércio exterior e do PIB brasileiro.
Além dos segmentos tradicionais, o Banco do Brasil tem investido no crescimento da carteira de crédito sustentável, que financia projetos com impactos sociais e ambientais positivos. Com saldo próximo de 400 bilhões de reais e crescimento constante, essa linha demonstra o compromisso da instituição com práticas financeiras responsáveis e com o fomento a atividades que promovem o desenvolvimento sustentável, tema cada vez mais relevante no cenário global.
Por fim, o Banco do Brasil enfrenta o desafio de reverter a tendência de queda nos lucros enquanto mantém a expansão do crédito e a sustentabilidade financeira. A revisão das projeções para 2025 está em curso, e o desempenho nos próximos trimestres será decisivo para avaliar a capacidade do banco de superar os impactos das novas regras contábeis e da inadimplência elevada. O banco permanece como uma peça-chave para o crescimento econômico do Brasil, especialmente por seu papel na oferta de crédito ao agronegócio e às pequenas e médias empresas.
Autor: Katy Müller