A economia global enfrenta mais uma vez um cenário de desaceleração significativa, desta vez impulsionado pelas novas tarifas comerciais impostas pelo governo de Donald Trump. De acordo com a OCDE, o crescimento global em 2025 deve ser o menor desde a pandemia de Covid-19, com uma expansão prevista de apenas 2,9 por cento. A retomada da política tarifária agressiva dos Estados Unidos está afetando diretamente o comércio internacional, elevando incertezas e comprometendo os investimentos em diversos países. As tarifas de Trump estão no centro das atenções, afetando desde a indústria até os fluxos de capitais globais.
O impacto direto das tarifas de Trump já pode ser observado nas revisões para baixo do Produto Interno Bruto das principais economias do mundo. A expectativa de crescimento dos Estados Unidos caiu de 2,2 por cento para 1,6 por cento, refletindo o peso das novas barreiras comerciais. A economia chinesa, mesmo com todos os esforços de estímulo interno, também foi afetada e deve crescer 4,7 por cento, um pouco abaixo das estimativas anteriores. O efeito das tarifas de Trump se espalha como um fator de contenção da atividade global, deixando um cenário de alerta para os próximos trimestres.
Na Europa, apesar da estabilidade nas previsões do PIB, com crescimento de 1 por cento, a situação não é menos delicada. A inflação na Zona do Euro caiu para 1,9 por cento ao ano, ficando abaixo da meta estabelecida, o que abriria espaço para cortes nas taxas de juros. No entanto, as tensões comerciais provocadas pelas tarifas de Trump criam um ambiente de cautela para os bancos centrais. A política monetária, que poderia ser mais flexível, enfrenta a incerteza da escalada comercial, o que reduz a margem de ação das autoridades monetárias.
A economia global já vinha mostrando sinais de moderação em 2024, mas a intensificação da guerra tarifária acelera esse processo. Investidores ao redor do mundo estão reagindo com desconfiança, postergando aportes e se afastando de ativos considerados mais voláteis. As tarifas de Trump colocam em xeque a confiança nos mercados, trazendo de volta um ambiente parecido com o observado no início da pandemia, quando o mundo entrou em um período de paralisia econômica. Esse ambiente reflete diretamente no desempenho das bolsas e nos fundos globais.
O Brasil, embora menos exposto às tensões diretas entre Estados Unidos e China, também sente os efeitos do esfriamento da economia global. Segundo a OCDE, o país deve crescer 2,1 por cento em 2025, número que ainda é positivo, mas que reflete o impacto do desaquecimento do comércio internacional. As tarifas de Trump influenciam indiretamente o país ao afetar a demanda global por commodities, pressionar os preços internacionais e gerar instabilidade cambial. A economia brasileira, portanto, precisa estar atenta aos desdobramentos dessa nova fase de protecionismo global.
O mercado financeiro já responde com volatilidade aos desdobramentos da política comercial dos Estados Unidos. Os índices futuros americanos abriram a semana em queda, arrastando consigo as bolsas europeias e o fundo EWZ, que representa empresas brasileiras em Nova York, caiu quase 1 por cento no pré-mercado. Esse movimento reforça que as tarifas de Trump têm poder real de afetar a confiança nos ativos internacionais. Investidores estão mais seletivos e buscam segurança diante do cenário de incerteza crescente.
A agenda econômica também reflete a preocupação dos agentes com a direção que os mercados podem tomar. No Brasil, a divulgação da produção industrial de abril pode indicar a resiliência do setor diante das pressões externas. Já nos Estados Unidos, o relatório Jolts sobre o número de vagas abertas deve mostrar se o mercado de trabalho continua aquecido ou se começa a dar sinais de desaceleração. As tarifas de Trump são, nesse sentido, um elemento adicional de estresse que pode distorcer os indicadores e afetar decisões de política econômica.
A OCDE alerta que o prolongamento ou intensificação da guerra tarifária pode causar danos permanentes à estrutura de crescimento global. As tarifas de Trump, embora justificadas por objetivos políticos internos, têm implicações globais que vão muito além das fronteiras americanas. A tendência é que, caso não haja uma mudança de postura, o mundo entre em um período prolongado de baixo crescimento, retração nos investimentos e fragilidade nos mercados. É um cenário preocupante que exige atenção de governos, empresas e investidores ao redor do planeta.
Autor: Katy Müller